Jornalismo (??) à minha moda. Por que quem manda nesse Blogspot sou eu, não o lead, hahaha!

sexta-feira, 27 de março de 2009

Bolhas, excursões e transe coletivo – o show do Radiohead em São Paulo, parte I

O que dizer de um show histórico[??] do qual todos os meios de comunicação do país comentaram [aqui e aqui]? Se o tema for exclusivamente o show, nenhuma novidade. Mas o que é mais importante – e mais instigante – para um possível leitor? Será que a experiência de quem conta a história não interessa? Se fosse assim, o que seria do jornalismo literário e de sua subdivisão mais legal, o gonzo?

Pois é, vamos aos fatos. É sabido que o Radiohead veio ao Brasil na última semana realizar dois shows, Rio e São Paulo, obviamente. Desde dezembro passado corriam os anúncios das apresentações, e este quase-jornalista (um sincero “Piii” para a Reforma Ortográfica e seu “tira hífens”) se programava para ir até o centro do país conferir um dos – segundo os ditos “críticos” musicais – melhores shows de rock da atualidade, a banda mais inventiva das últimas décadas, blá blá blá.

Depois de quase por em risco minha ida ao show de São Paulo (para onde tinha comprado meu ingresso ainda em dezembro), consegui confirmar presença em uma excursão que saiu de Porto Alegre no sábado, dia 21 de março. As experiências nestas 22 horas, até a chegada em frente à Chácara do Jockey, na capital paulista, merecem bom detalhamento. Mas isso fica para a próxima postagem. Vou me ater ao show do Radiohead que, afinal, foi o motivo da minha primeira viagem pra fora do Rio Grande do Sul.

Mais do que qualquer coisa, a apresentação do quinteto britânico foi uma celebração, provavelmente de intensidade idem a cultos religiosos. Esse é o ponto. Foi um culto, uma experiência além da música propriamente. O público interagiu em todo o momento, seja cantando, pulando, batendo palmas ou pedindo silêncio em momentos de “palmas inapropriadas”.

O show, em termos de produção de palco e efeitos audiovisuais é irretocável. O desempenho musical – que transparece a técnica dos cinco integrantes da banda – é complementado pelas luzes e imagens nos três telões. Cada música passa a ter uma forma visual, uma cor característica em cada momento, um “rosto”. Antenas, ou torres de luz no palco (pouco importa a denominação, veja um dos links para os vídeos do Youtube que você vai entender o que eu digo!) transformavam o palco a cada música.

O som faz jus às gravações de estúdio. Todos os instrumentos são ouvidos de forma clara, e a execução é bastante próxima das originais – o que pode parecer um tanto desgastante, visto que muitas músicas do Radiohead têm mais de uma década –, pelo menos nas músicas mais “rockeiras”, sem tantos toques eletrônicos.



Certamente o momento mais emblemático do show foi quando, após o final da execução de “Paranoid Android”, o público voltou a cantar uma das “pontes” da música (rain down/ rain down come on me/ ...). Thom Yorke, empunhando o violão, acompanhou os fãs, fazendo o backing vocal do trecho.

E, depois de 25 músicas, quando muitos já seguiam para a saída do local, eles voltam ao palco. A última música no Brasil, um bônus para os fãs ensandecidos de São Paulo. Creep.



Indescritível. O envolvimento do público, cantando, muitos até chorando era simplesmente emocionante, até pra quem não é emo, hahaha! Mas o ponto alto foi a entrada da guitarra de Jonny Greenwood na música, que funciona de certa forma como um anuncio do refrão vindouro, suja, saturada, pesada. Foi como se dois trovões tivessem caído sobre a Chácara do Jockey. Para completar, luzes multicoloridas e a voz límpida de Thom Yorke vindo no refrão. Repetindo, indescritível.

Mas eles não tocaram "Wolf at the Door". Tava no setlist antes do show!! "Olhaí" [clique na imagem para vê-la em tamanho maior]:

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[Continua]

Obs.: Atualizados com "links bonitos" em 3 de abril. Agora vai...
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Um comentário:

Lisiane de Assis disse...

Bah, que texto bem escrito! Apesar de curto, parece ter contemplado cada detalhe do show.
Não adianta, quando escrevemos sobre algo que gotamos, sai da alma (ou das tripas, como preferir)e, sem dúvidas, estes acabam sendo os melhores textos.

Beijos!